O professor de oratória Reinaldo Polito, que dá aulas em São Paulo, lista abaixo os dez principais conselhos para você ter sucesso nas apresentações em público e falar com segurança e desembaraço.
1) Prepare-se para falar. Assim como você não iria para a guerra municiado apenas
com balas suficientes para acertar o número exato de inimigos entrincheirados,
também para falar não deverá se abastecer com conteúdo que atenda apenas ao
tempo determinado para a apresentação. Saiba o máximo que puder sobre a matéria
que irá expor. Isto é, se tiver de falar 15 minutos, saiba o suficiente para
discorrer pelo menos 30 minutos. Não se contente apenas em se preparar sobre o
conteúdo, treine também a forma de exposição. Faça exercícios falando sozinho
na frente do espelho, ou, se tiver condições, diante de uma câmera de vídeo.
Atenção: embora esse treinamento sugerido dê fluência e ritmo à apresentação,
de maneira geral, não dá naturalidade. Para que a fala atinja bom nível de espontaneidade
fale com pessoas. Reúna um grupo de amigos, familiares ou colegas de trabalho,
ou de classe, e converse bastante sobre o assunto que irá expor.
2) A naturalidade pode ser
considerada a melhor regra da boa comunicação. Se você cometer alguns erros técnicos durante uma
apresentação em público, mas comportar-se de maneira natural e espontânea,
tenha certeza de que os ouvintes ainda poderão acreditar nas suas palavras e
aceitar bem a mensagem. Entretanto, se usar técnicas de comunicação, mas apresentar-se
de forma artificial, a platéia poderá duvidar das suas intenções. Respeite seu
estilo de comunicação. Você vai se sentir seguro e suas apresentações serão
mais eficientes.
3) Não confie na memória, leve
um roteiro como apoio. Algumas pessoas
memorizam suas apresentações palavra por palavra imaginando que assim se
sentirão mais confiantes. A experiência demonstra que, de maneira geral, o
resultado acaba sendo muito diferente. Se você se esquecer de uma palavra
importante na ligação de duas idéias, talvez se sinta desestabilizado e
inseguro para continuar. O pior é que ao decorar uma apresentação você poderá
não se preparar psicologicamente para falar de improviso e ao não encontrar a
informação de que necessita, ficará sem saber como contornar o problema. Use um
roteiro com as principais etapas da exposição, e frases que contenham idéias
completas. Assim, diante da platéia, leia a frase e a seguir comente a
informação, ampliando, criticando, comparando, discutindo, até que essa parte
da mensagem se esgote. Se a sua apresentação for mais simples poderá recorrer a
um cartão de notas, uma cartolina mais ou menos do tamanho da palma da mão, que
deverá conter as palavras-chave, números, datas, cifras, e todas as informações
que possam mostrar a seqüência das idéias. Com esse recurso você bate os olhos
nas palavras que estão no cartão e vai se certificando que a seqüência
planejada está sendo seguida.
4) Use uma linguagem correta. Uma escorregadinha na gramática aqui, outra ali, talvez
não chegue a prejudicar sua apresentação. Entretanto, alguns erros grosseiros
poderão ser fatais. Os mais graves que costumam ocorrer são: "fazem tantos
anos", "menas", "a nível de", "somos em
seis", "meia tola", entre outros. Mesmo que você tenha uma boa
formação intelectual, sempre valerá a pena fazer uma revisão gramatical,
principalmente quanto à conjugação verbal e às concordâncias.
5) Saiba quem são os ouvintes. Cada público possui características e expectativas
próprias, e que precisam ser consideradas em uma apresentação. Procure saber
qual é o nível intelectual das pessoas, até que ponto conhecem o assunto e a
faixa etária predominante dos ouvintes. Assim, poderá se preparar de maneira
mais conveniente e com maiores chances de se apresentar bem.
6) Tenha começo meio e fim. Anuncie o que vai falar, fale e conte sobre o que falou.
Depois de cumprimentar os ouvintes e conquistá-los com elogios sinceros, ou
mostrando os benefícios da mensagem, diga qual tema vai abordar. Assim, a
platéia acompanhará seu raciocínio com mais facilidade, porque saberá aonde
deseja chegar. Em seguida, transmita a mensagem, sempre facilitando o
entendimento dos ouvintes. Se, por exemplo, deseja apresentar a solução para um
problema, diga antes qual é o problema. Se pretende falar de uma informação atual,
esclareça inicialmente como tudo ocorreu até que a informação nova surgisse.
7) Tenha uma postura correta. Evite apoiar-se apenas sobre uma das pernas e procure não
deixá-las muito abertas ou fechadas. É importante que se movimente diante dos
ouvintes para que realimentem a atenção, mas esteja certo de que o movimento
tem algum objetivo, como por exemplo, destacar uma informação, reconquistar
parcela do auditório que está desatenta, etc. Caso contrário é preferível que
fique parado. Cuidado com a falta de gestos, mas seja mais cauteloso ainda com
o excesso de gesticulação. Procure falar olhando para todas as pessoas da
platéia, girando o tronco e a cabeça com calma, ora para a esquerda, ora para a
direita, para valorizar e prestigiar a presença dos ouvintes, saber como se
comportam diante da exposição e dar maleabilidade ao corpo, proporcionando,
assim, uma postura mais natural. O semblante é um dos aspectos mais importantes
da expressão corporal, por isso dê atenção especial a ele. Verifique se ele
está expressivo e coerente com o sentimento transmitido pelas palavras. Por
exemplo, não demonstre tristeza quando falar em alegria. Evite falar com as
mãos nos bolsos, com os braços cruzados ou nas costas. Também não é
recomendável ficar esfregando as mãos, principalmente no início, para não
passar a idéia de que está inseguro ou hesitante.
8) Seja bem-humorado. Nenhum estudo comprovou que o bom humor consegue convencer
ou persuadir os ouvintes. Se isso ocorresse os humoristas seriam sempre
irresistíveis. Entretanto, é óbvio que um orador bem-humorado consegue manter a
atenção dos ouvintes com mais facilidade. Se o assunto permitir e o ambiente
for favorável, use sua presença de espírito para tornar a apresentação mais
leve, descontraída e interessante. Cuidado, entretanto, para não exagerar, pois
o orador que fica o tempo todo fazendo gracinhas pode perder a credibilidade.
9) Use recursos audiovisuais. Esse estudo é impressionante: se apresentar a mensagem
apenas verbalmente, depois de três dias os ouvintes vão se lembrar de 10% do
que falou. Se, entretanto, expuser o assunto verbalmente, mas com auxílio de um
recurso visual, depois do mesmo período, as pessoas se lembrarão de 65% do que
foi transmitido. Mais uma vez, tome cuidado com os excessos. Nada de Power
Point acompanhado de brecadinhas de carro, barulhinhos de máquina de escrever,
e outros ruídos que deixaram de ser novidade há muito tempo e por isso podem
vulgarizar a apresentação. Um bom visual deverá atender a três grandes
objetivos: destacar as informações importantes, facilitar o acompanhamento do
raciocínio e fazer com que os ouvintes se lembrem das informações por tempo
mais prolongado. Portanto, não use o visual como "colinha", só porque
é bonito, para impressionar, ou porque todo mundo usa. Observe sempre se o seu
uso é mesmo necessário. Faça visuais com letras de um tamanho que todos possam
ler. Projete apenas a essência da mensagem em poucas palavras. Apresente
números em forma de gráficos. Use cores contrastantes, mas sem excesso. Posicione
o aparelho de projeção e a tela em local que possibilite a visualização da
platéia e facilite sua movimentação. Evite excesso de aparelhos. Quanto mais
aparelhos e mais botões maiores as chances de aparecerem problemas.
10) Fale com emoção. Fale sempre com energia, entusiasmo, emoção. Se nós não
demonstrarmos interesse e envolvimento pelo assunto que estamos abordando, como
é que poderemos pretender que os ouvintes se interessem pela mensagem? A emoção
do orador tem influência determinante no processo de conquista dos ouvintes.
Fonte: oglobo.globo.com
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